12.8.13

Tenerife natural



Paisagem. Natural. Urbana. E a mescla que delas resulta. 

Por algum motivo a harmonia entre ambos estes mundos é particularmente bela em ambientes insulares. E quando decidi finalmente conhecer as Canárias, a dúvida instalou-se: por qual das 7 ilhas começar?! Lanzarote é famosa pelas suas encostas lunares, que Saramago escolheu como lar após o exilio auto-imposto. El Hierro tem grandes lagartos e vida subaquática deslumbrante. Em Gran Canária são as praias que imperam... e por ai fora. Mas é Tenerife, a matriarca das ilhas, que maior diversidade ostenta. Dividida em dois pelo explosivo Teide, mais parece uma junção de outros tantos ambientes diversos. A zona meridional, desértica, onde os amarelos e vermelhos imperam, apresenta paisagens emprestadas de Marte. A costa norte, vibrante, com floresta laurissilva desde a orla costeira até meia encosta do vulcão, surge pontilhada de plantações de banana que mais parecem retalhos esverdeados numa manta gigantesca! Circulando, encontramos uma “peninsula” formada pelas montanhas Anaga, com as suas encostas abruptas e coberto vegetal quase impenetrável, onde o povo Guanche, os habitantes originais deste arquipélago, viveram até à conquista violenta pelos espanhóis. A área orgulha-se de possuir o maior índice de biodiversidade de toda a Europa!  





Mas é a paisagem vulcânica que mais impressiona. Um local em particular destaca-se: Roques de Garcia. Sob a mirada vigilante do gigante, estranhas formações rochosas desafiam a gravidade, num emaranhado de formas coloridas, arbustos espinhosos e desenhos aleatórios. De costas para o Teide, poder-se-ia imaginar que haviamos entrado num qualquer episódio da série Star Trek e sido teletransportados... para outra galáxia... ou, se a imaginação para mais não desse, para os desertos do Arizona, com cowboys prontos a partir num galope desenfreado em direcção ao sol poente, em busca de inimigos imaginários!

Numa estranha combinação entre a agressiva orografia e as massas de ar quente, carregadas de humidade, que chegam do azul, o bailado das nuvens é aqui impressionante! Em poucos metros passa-se de um céu límpido a visibilidade quase nula, como se de magia se tratasse! Algumas casas, penduradas am arestas impossíveis, fazem-me questionar se será verosimil o que os meus olhos contemplam. Mas, ao descer, aguarda-me a antítese deste organizado caos rochoso: a Playa de las Teresitas, uma baía copy+paste das Caraíbas, com tranquilas águas transparentes, palmeiras a condizer a a exótica areia amarela... importada do Sahara! 





É tempo de relaxar, observando o ocaso mais acima, num edificio abandonado ao qual a vida foi parcialmente restituída por dotados graffitters...


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