13.1.14

América do Sul, por terras de Manco Capác


Manco Capác.

O nome do primeiro e mitológico imperador Inca, nascido na Ilha do Sol, o berço da mais poderosa civilização pré-colombiana da América do Sul, não dirá muito a quem está a meio mundo de distância. Onde me encontro, porém, representa o esplendor passado de uma cultura que foi arrasada sem misericórdia por Francisco Pizarro, no Séc. XVI.

Os Andes, e em particular o Peru e a Bolívia representavam, desde há muito, um destino que bailava no meu imaginário! Hoje, no final de uma viagem que durou quase 3 semanas, sinto esse sonho realizado. E, ao contrário do que muitas vezes acontece quando perseguimos quimeras, a realidade superou a imaginação! É impressionante a sensação de que o que fizemos há apenas um par de dias pareça ter acontecido há semanas atrás!

Apesar do cansaço provocado por este percurso de mochila às costas a um ritmo alucinante e das sequelas físicas deixadas pela altitude (que ultrapassou os 5000m de altitude, e quase sempre acima dos 3000m, temperada ainda pelo frio nocturno do deserto)... tudo vale a pena!

São milhares as fotografias que me levarão certamente longos dias a editar, mas a jornada contou com tantos pontos altos que quase se torna difícil enumerá-los sem correr o risco de esquecer algum...



Tudo começou ao mirar o Pacífico em Lima, contemplando o ocaso e adivinhando a Ásia na linha fina do horizonte... Depois, a companhia de leões marinhos e incontáveis aves marinhas em Paracas, a que se seguiu um banho nesse grande e tranquilo oceano, com o famoso ceviche à espera numa esplanada junto à praia. Nazca, para além das famosas e misteriosas linhas, conta com os mais bizarros tunings automóveis, em mínimos Daewoo Matiz de primeira geração! Cusco, o umbigo do mundo e capital do império Inca, é uma jóia arquitectónica e histórica inolvidável - a começar pelo almoço no mercado, num inenarrável menu a inacreditável preço! Machu Picchu, por seu lado, faz jus à fama. Apesar das hordas de turistas asiáticos, a magia sente-se. Subir ao Waynapicchu, o monte sobranceiro à cidadela que coroa o Vale Sagrado é, diria, uma experiência iniciática! O Titicaca, o mais alto lago navegável do mundo, com as suas ilhas flutuantes, Taquile e Elias, o nosso anfitrião, e a Ilha do Sol, a tal onde Manco Capác veio à Terra, são de um outro mundo, no qual um simples jogo de futebol de 20 minutos com jovens locais nos deixa prostrados mas felizes como crianças... E, para culminar, o Salar de Uyuni, enorme extensão de sal puro, contíguo ao deserto de Atacama, com os vulcões chilenos a espreitar à distância! La Paz, cidade surreal encaixada em encostas impressionantes, marca pelo ambiente, mais do que pelo urbanismo, e acolhe-nos humilde e autêntica...!

Tanta, tanta experiência concentrada num tão curto espaço de tempo deixa-me atordoado. Gosto da sensação. Sinto que terei semanas ou meses para o digerir, lenta e delicadamente.

Mas isso terá de esperar. Amanhã parto para a Amazónia. Rurrenabaque, nome simpático e de difícil pronúncia aguarda-me, porta de entrada na selva boliviana. Ao longo de quase um mês percorrerei 3 fantásticos rios: o Beni, ainda na Bolívia, o Madeira, já no Brasil, e o portentoso Amazonas, de Manaus a Belém.

Mais notícias assim que possível :-).

Até lá...!



1 comentário:

  1. Anónimo14.1.14

    Eu bem dizia que o Império do Sol, como alguns o designam, teria este efeito! Pelas tuas palavras, aconteceu-te ti o que me tinha acontecido: "... a realidade superou a imaginação!".

    Continuação de boa viagem pela "floresta"! ;-)

    Rui Vale

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