28.5.14

Brilho ofuscante


Não subsistam dúvidas que o Dubai é um festim para os sentidos. A visão de feitos arquitectónicos únicos no mundo entra pelos olhos adentro, o calor do deserto lambe-nos a pele, intenso, os cheiros – a perfume nos grandes centros comerciais, a suor nos souks da zona antiga – bailam no ar, atingindo-nos sem aviso. Na confusão das pequenas ruas de Deira, é-se apertado num abraço amplo de humanidade e nos infinitos restaurantes de rua o paladar é testado ao limite, alternando entre as especiarias fortes que denotam a presença de milhares de indianos e os pratos gourmet importados da distante Europa.



Mas sem dúvida que o que mais encanta, numa visão imediata, é o brilho ofuscante e a opulência dos arranha-céus! Dizem-me que são como cogumelos: em poucas semanas erguem-se monstros verticais da terra estéril, ao ponto de fazerem sombra uns aos outros e de o skyline da cidade se parecer a um código de barras num qualquer supermercado. Na sua base, em ruas que me fazem sentir minúsculo - mas a partir de certo ponto já dessensibilizado - a mescla de gentes continua a circular, incessantemente. Na marina, espartilhadas entre a Sheikh Zayed e a Jumeirah Beach, as torres são às dezenas. Cópias gémeas da Chrysler Tower aparecem algures, tal como um sósia do Big Ben londrino. Mas é o Burj Khalifa quem domina a paisagem. O mais alto edificio do mundo, com 828 metros de altura, 163 pisos, é deslumbrante na sua ostentação, qual Torre de Babel dos tempos modernos. De cima, num miradouro poucas dezenas de metros abaixo do topo, sinto a força dos elementos: chuva intensa (sim, também lá chove!), vento rodopiante e, magnética e assustadora, uma tempestade eléctrica que ilumina o negrume e me faz sentir um pára-raios com pernas! No entanto não se pense que tudo corre bem neste ícone à finança global. 


Há dias escutei uma história que tanto tem de divertido como de sintomático: a administração do edifício, que inclui escritórios, hoteis, restaurantes e, naturalmente, habitações, estava com problemas em cobrar o condomínio (cujo valor desconheço - a minha matemática nem deveria chegar para tantos 0)! Então, encontrou um argumento de peso: cortar o ar condicionado e desligar os elevadores! Solução simples, pragmática e absolutamente eficaz, como convém no paraíso!



Sem comentários:

Enviar um comentário