15.10.15

Mirando duas rodas... ao som de Strauss


Percorrer a capital austríaca a pé é um regalo para os sentidos. Não tive muito tempo lá, mas um bom amigo brasileiro, que havia conhecido anos atrás num encontro fotográfico no Brasil, tratou de o rentabilizar ao máximo! Obrigado, Luiz! Mas voltarei a esse tema num próximo post. Porque, para um aficcionado da bicicleta como eu, foi quase com inveja que cirandei entre tanto velocípede, entre tantos cidadãos que escolhem um meio de transporte social e ambientalmente responsável, fazendo-no com uma naturalidade que apenas parece natural entre os povos do Norte.

Claro que urbes planas ajudam e que, por outro lado, inclinações não são um obstáculo insuperável. Basta atentar à recente vaga ciclista a que em Lisboa e mesmo Porto se assiste, cidades geograficamente desafiantes. A liberdade de movimentação que proporciona é algo que só experimentado se compreende. O trânsito basicamente desaparece, os atalhos surgem a cada esquina ou viela, a brisa sente-se em permanência, o coração bomba, pujante, agradecendo a gentileza aos pulmões, ao mesmo tempo que os músculos se retesam e descontraem, alternadamente, sincopadamente...



Naturalmente não há bela sem senão. Para além do esforço físico, mais crítico em climas quentes - como o nosso - e em territórios irregulares - como os nossos - que pode levar o ciclista a chegar completamente suado ao local de trabalho ou ao encontro romântico, existe a infeliz cultura do automóvel como rei e senhor nas nossas estradas. Raramente existe planeamento urbanístico que contemple o uso do velocípede, as ciclovias estão cheias de gente a passear a pé ou com carrinhos de bebé e poucos automobilistas hesitam em buzinar alarvemente se alguma bicicleta ousa incomodá-lo na faixa de rodagem (que é o lugar dela, não no passeio nem a 5cm do lancil)!


Mas, regressando a Viena, as primeiras horas da minha curta estadia deixaram-me efectivamente a desejar poder fazer assim em casa. É um meio de transporte verdadeiramente democrático. Acessível a todos. Sem excepção! E isso dá-lhe um encanto a que não consigo resistir. Dei por mim, até, a dar uma segunda olhada para as vintage single speed! Como são belas, elas! Maiores ou mais pequenas, sóbrias ou exuberantes, minimalistas ou tecnológicas, claras ou escuras, cuidadas ou negligé, nuas ou artilhadas, há-as para todos os gostos!...

Regressado a casa, resolvi fazer com algumas destas imagens experiências no pós-tratamento com presets do Adobe Lightroom, em que ao contraste é dado um enfoque particularmente forte. Em breve dedicarei um post específico a este tema, usando a técnica em retrato, no qual o resultado é ainda mais dramático. Por agora me vou. A pé. À falta de bicicleta... à mão.


Sem comentários:

Enviar um comentário