31.5.17

José | Pescador do Dão



Para a maioria dos portugueses, Dão é uma conjugação verbal ou um vinho. Na verdade a região demarcada do Dão toma o nome de um pequeno rio, que mais pequeno se tornou com a construção da barragem da Aguieira, nos final dos anos 70 na zona onde os concelhos de Penacova e Mortágua se tocam. Subindo rio acima e deixando a água mansa da albufeira, um rio rebelde ganha forma. Contorcendo-se entre enormes blocos de granito arredondados pela força das águas, as praias de areia grossa vão-se sucedendo, desvendando aqui e ali verdadeiros mini-paraísos naturais.


Há poucos anos uma obra digna de reconhecimento veio dar uma nova vida a esta zona: a Ecopista do Dão - a maior de Portugal, com 49km de comprimento, entre Santa Comba Dão e Viseu - aproveitou uma via férrea desactivada e substituiu os carris por piso ideal para ciclar. A pé ou de bicicleta, é por si só um programa perfeito para amantes da Natureza. E foi de bicicleta que vim a conhecer uma personagem do rio: José Coelho, pescador nas horas vagas, reformado.

Quando cheguei, estava tranquilamente sentado numa enorme laje de rocha. A pescaria não era grande, mas a vontade de conversar sim. Sem pressas, como convém a um pescador que se digne do nome, contou-me tudo o que havia a saber sobre barbos, carpas e pimpões, e ainda sobre muitos assuntos da sua longa vida... a ida para a capital, a idade, os incêndios, política... A pausa tinha de ser curta, porque muitos kilómetros me esperavam para "O FIM", mas estes instantes souberam-me como um bálsamo numa primaveril e soalheira manhã!


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