18.4.13

Devagar, devagarinho... e parado



Parado é, por vezes, como gosto de estar em viagem. E situações há em que até o mais curtido e sabido fotógrafo fica um pouco sem saber o que fazer... com o equipamento! Aquando de uma das visitas a Marrocos, e tendo ouvido falar (muito remotamente, claro!) de umas certas danças marroquinas, fui encontrar tal arte num insuspeito restaurante de luxo em Marraquexe, o Jad Mahal (não confundir com o Taj Mahal, uns largos milhares de quilómetros ao lado). O resultado pode-se ver na foto acima...

E ali vim a conhecer uma faceta da cidade e da sociedade marroquina que sabia existir mas com a qual não me havia cruzado ainda, e que se mostrou, ostensiva, logo no parque de estacionamento (eu fui a pé, grande erro, denunciei-me logo! Quase tão mau como a chegada do Tom Cruise à festa secreta em Eyes Wide Shut, de Kubrick): Porsches, Audis, Mercedes, BMWs, Range Rovers... era só escolher! No interior, parecia ter sido tele-transportado para um palácio das Arábias (nunca estive em nenhum, mas devem ser assim): paredes revestidas a tapetes vermelho-sangue, candelabros imensos, um jardim interior, empregados impecavelmente vestidos e elegantes, à luz de velas, difusa e quente... Que diferença do bulicio da medina, a menos de 5 minutos a pé mas a uma enorme distância social…!






A verdade é que Marrocos é muito mais que o folclore colorido dos souks, contando com uma sociedade jovem, cosmopolita e que se trata muito, muito bem. O fosso entre pobres e ricos é enorme, como na maioria dos países com índices de desenvolvimento duvidosos. E experienciar esta faceta não deixa de ser interessante... Aliás, por toda a cidade os espaços de lazer abundam. No centro histórico são os riads a espalhar charme. Edifícios de traça tradicional, quadrados e virados para um pátio interior, são de uma frescura surpreendente e verdadeiro retiro de silêncio e tranquilidade no coração do caos. Os hammans (balneários) prometem relaxamento incomparável, os terraços dos cafés asseguram uma perspectiva única sobre a Jemma el-Fna, e pequenos espaços como o Café des Épices, na Praça das Especiarias fazem-nos sentir que, afinal, há na vida momentos para simplesmente usufruir de coisas boas!

Como é sabido, os muçulmanos não bebem bebidas alcóolicas... em público! Fora do olhar indiscreto da rua, bebem. E bem! Apesar de não ser grande apreciador, informam-me que na medina há apenas dois locais onde se pode beber cerveja ou vinho. Levam-me a um deles. No terraço, com a silhueta da Koutoubia desenhada contra o negrume do céu sem luar, os néons iluminam fracamente os rostos do grupo que me acompanha. Ouço dizer que a cerveja não é má. Acredito. Mas não me tirem o chazinho de menta!



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