1.5.13

Noitadas


Não! O conceito de noitada a que me refiro não inclui copos nem estabelecimentos de diversão nocturna. Bem pelo contrário: é nos grandes espaços naturais que tais serões acontecem, em que as estrelas se encontram no firmamento em vez de na passadeira vermelha, onde potentes lanternas spot substituem as espadas laser do Star Wars e em que os sons do silêncio se impõem à musicata das discotecas!

No âmbito das diversas oficinas de fotografia que tenho levado a cabo ao longo dos últimos anos, um dos módulos que mais interesse desperta no público é o de Fotografia Nocturna. E por bons motivos: os resultados são muitas vezes espectaculares, originais, e mesmo os cenários mais conhecidos ganham nova vida a coberto do breu. Tem um sabor especial a procura de novas soluções para resultados diferentes, o imaginar em abstracto como sairão certas imagens, a excitação indisfarçável quando esperamos que a máquina acabe de "pensar" e mostre no LCD o resultado (que, por mais experiência que tenhamos, traz sempre algo de inesperado - para o bom e também para o menos bom!).

Do ponto de vista técnico, para começar, não é preciso equipamento particularmente sofisticado: uma máquina fotográfica com modo bulb (longa exposição), obviamente uma objectiva, um tripé sólido e um disparador remoto. Paciência, um bom agasalho e companhia para conversar serão também úteis. Depois, depende muito do que se quiser fazer. Para iluminação ambiente, a luz do luar pode chegar. Convém que se esteja o mais afastado possível de fontes de poluição luminosa (que é quase omnipresente e da qual quase só nos apercebemos quando procuramos e não encontramos locais verdadeiramente escuros, mesmo distantes de grandes centros populacionais). Curiosamente o luar - especialmente em noites de lua cheia - é surpreendentemente luminoso! Faz sombras e empresta uma ambiência estranha e interessante à fotografia, fazendo quase parecer que certas imagens foram tiradas durante o dia.


Mas se desejarmos efeitos mais criativos, então teremos de o ser também. Basicamente, a diversidade e tipologia de fontes de iluminação artificial é infinita e nenhuma lista estará alguma vez completa. Focando-me nos principais elementos, destacaria o flash, lanternas de vários tipos, farois de automóvel... e fogo. Com as devidas precauções, naturalmente!

Quanto à exposição, o advento da fotografia digital veio trazer uma enorme vantagem: podemos fazer experiências no local, e chegar rapidamente à combinação de abertura e tempo de obturação correcta. Por outro lado, aconselho a que se trabalhe com objectivas de grande abertura, quanto mais não seja porque tornam a focagem (um dos grandes desafios de fotografar no escuro) mais fácil.

Finalmente, uma advertência: as máquinas digitais não se dão muito bem com exposições muito longas. Depende de modelo para modelo, e das condições ambientais (quanto mais quente estiver, pior), mas a partir de alguns minutos podem começar a surgir artefactos estranhos nas imagens: manchas de cor (por aquecimento dos circuitos electrónicos internos), hot pixels (pontos de luz coloridos), ruído na imagem (sobretudo se se utilizarem sensibilidades ISO mais elevadas)... Daí ser fortemente recomendado activar a função de redução de ruído em longas exposições, que através da frame negra vai "subtrair" a informação exógena à fotografia. Com uma (longa) desvantagem: duplica aproximadamente o tempo que cada toma demora.

Curiosamente publiquei já em 2013 um artigo na National Geographic com uma fotografia nocturna, sobre um novo conjunto de menires descoberto no Alentejo. Aproveitando a luz da lua, "pintei" as azinheiras mais próximas e os 6 menires com um foco potente, à distância. O resultado foi este:

Para quem tenha curiosidade em experimentar esta disciplina, mesmo que sem grande experiência prévia, estarei no próximo dia 22 de Junho na FNAC Coimbra para um workshop. Pedidos de informações e eventuais inscrições deverão ser feitos através do email [email protected]


Integradas também no plano de formação da FNAC, estão ainda agendadas outras 3 actividades até ao início do Verão:

- Curso de Introdução à Fotografia - Lisboa (Colombo) | 11 e 12 de Maio
- Workshop de Fotografia de Viagens - Lisboa (Colombo) | 8 de Junho
- Curso de Introdução à Fotografia - Coimbra | 15 e 16 de Junho

O contacto para os cursos na FNAC Colombo é [email protected]

Num futuro próximo voltarei ao tema da formação com maior detalhe. Até lá... que noite bonita está hoje. Excelente para uma noitada!




2 comentários:

  1. E eu a pensar que ia ver fotos do António em amena cavaqueira com os amigos, mas em vez disso deparo-me com estes fantásticos noturnos. Tenho que enaltecer a primeira foto tirada nos nossos Mosteiros açoreanos. Uma real beleza, sem dúvida! Beijinho CarinW.

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  2. Anónimo15.5.13

    adoro a 1ª foto :)
    Diana

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