11.6.13

On Assignment for National Geographic


As palavras National Geographic remetem, desde 1888, para destinos exóticos, explorações e descobertas, jornalismo documental com profundidade e sobretudo uma fotografia com um cunho muito próprio... Há pouco mais de 10 anos atrás a revista tomou uma decisão ousada: abrir edições nacionais por todo o globo, em que o grosso da publicação é constituída pelos artigos da casa-mãe, mas que conta também com secções locais, conteúdos produzidos por jornalistas e fotógrafos nacionais, sobre temáticas relacionadas de alguma forma com o país. No já distante ano de 2003 tive o privilégio de iniciar uma colaboração com a National Geographic Portugal que se estende até aos dias de hoje, e que me leva agora a fotografar um projecto extremamente interessante.





Missão: fotografar e documentar um dos mais ambiciosos trabalhos de restauro e conservação alguma vez realizados em Portugal, para um artigo a ser publicado na National Geographic no segundo semestre deste ano. A escala impressiona: um andaime de 4 pisos, erguendo-se a 8 metros de altura, onde uma equipa de conservadores-restauradores e técnicos cirandam continuamente, com uma parafernália de equipamento que impõe respeito.

Para os artigos que escrevo e fotografo na National Geographic existe um considerável trabalho de preparação. As peças jornalísticas são delineadas com meses de antecedência (por vezes mais de um ano), em que se identificam os temas a fotografar, se faz a recolha de informação prévia, se idealiza o fio condutor da história, os personagens a entrevistar e os recursos técnicos necessários. O trabalho de campo varia imenso: já fotografei artigos num par de dias, outros duraram um par de anos! Desta vez, por constrangimentos geográficos, foram poucos dias, mas muito intensos, em que se começava a fotografar às 9h00 e terminava às 2h00 da manhã do dia seguinte, porque parte dos trabalhos, envolvendo a utilização de raios-X, tinha de ser feito à noite, por motivos de segurança para o público. Uma das preocupações é ter o máximo de diversidade possível de conteúdos. Neste caso, não só dos trabalhos propriamente ditos, mas também do ambiente exterior, da cidade em que esta se insere e da sua relação com o público.

A parte fotográfica propriamente dita é fulcral - ao contrário da maioria das edições impressas, a National Geographic vive sobretudo da fotografia, e esta condiciona o texto. Trouxe comigo tudo o que era transportável: corpos SLR, objectivas diversas (17-35mm 2.8, 24-70mm 2.8, 70-200mm 2.8, 85mm 1.4, macro 105mm 2.8, Lensbaby 50mm 2.0), flashes Nikon e um sistema de flash de estúdio tranportável Elinchrom Ranger Quadra, mais tripés, cabos, sombrinhas e softboxes. E, pela primeira vez, usei a nova Fuji X100s em reportagem. Embora já sem grande surpresa, não poderia ter ficado mais satisfeito: a qualidade de imagem é realmente fenomenal e os altos ISO são de utilidade extrema neste tipo de aplicação. Pura e simplesmente, pode-se fotografar à noite (quase) sem limitações! Para além disso, o leaf shutter (obturador na objectiva) é completamente silencioso e sem vibrações, o que ajuda a trabalhar em ambientes silenciosos. 


Outro dos requisitos fundamentais no jornalismo documental é estabelecer um relacionamento positivo com os nossos sujeitos. Obter acesso aos bastidores é algo nem sempre fácil, mas que faz toda a diferença. Por se conseguirem ângulos diferentes. Por se verem coisas escondidas longe do olhar do público. Pela intimidade que se consegue com quem faz as histórias acontecer. Pela inspiração quase divina que nos atinge ao editar fotografias entre anjos dourados, seringas usadas e latas de diluente corrosivo... :-).


5 comentários:

  1. Pedro Macedo13.6.13

    Parabéns pelo blog e pelo artigo! Só não percebo uma coisa: porquê levar a Fuji que de facto é compacta e transportável, mas depois levar tantas objetivas, flashes e material diverso e não levar o corpo principal?
    Boa sorte para o artigo. Tudo de bom,
    Pedro Macedo

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    1. Caro Pedro: eu levei (e usei) a SLR como corpo principal (Nikon D700), e refiro-o no texto ("corpos SLR"), antes da menção às objectivas. Não faria sentido levá-las todas sem ter onde as montar :-).

      Cumprimentos!

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  2. Pedro Macedo14.6.13

    Perdoe a minha ignorância! :) De qualquer forma, mais uma vez parabéns pelo bom trabalho. Boa sorte para os futuros artigos.
    Cumprimentos,
    Pedro Macedo

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  3. Parabéns por mais um excelente trabalho.
    Quando precisar de alguém para ir consigo, quase que um workshop privado, já estou na lista dos pre-inscritos.
    Abraço.
    Pedro Bello

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