12.12.13
Contagem decrescente... 3...
Hospital dos Covões | Sala de recobro pós-operatório | Coimbra | Setembro 2009
Locais e momentos há em que o silêncio é físico, palpável, tangível. Está ali. Quase se vê. E quebrá-lo torna-se um acto de violência. Algo que só com enorme esforço e por fortes motivos se faz.
A imagem acima foi captada durante a reportagem sobre implantes cocleares, imediatamente após um dos mais marcantes momentos que vivi enquanto fotojornalista. Enquanto ser humano.
Letícia, uma menina de cerca de 2 anos, havia sido operada durante 4 longas horas, numa cirurgia que acompanhei desde os preparativos até ao despertar da anestesia. A mãe, com uma angustia que só um progenitor pode conseguir imaginar, espelhada no olhar distante e introspectivo, aguardava neste momento que ela acordasse, em minutos agonizantes. Na sala, vazia, fria, qualquer ruído era amplificado ao infinito. O obturador da máquina fotográfica parecia um terramoto. Nas 3 horas que o recobro durou, fiz apenas um punhado de fotos, cuidadosamente pe(n)sadas.
Nenhuma das imagens desta sequência foi utilizada na peça que veio a ser publicada em Fevereiro de 2010 na National Geographic Portugal. Mas esta é, para mim, uma foto que espelha a essência da fragilidade humana, do ténue equilíbrio entre vida e morte, da força insuspeita que cada um de nós consegue em si mesmo encontrar, quando necessário...
Esta e outras histórias serão abordadas na palestra do próximo dia 14, pelas 16h00, no Museu de História Natural de Lisboa. Informação actualizada em:
https://www.facebook.com/events/241003762728596/?fref=ts
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