31.8.14

Gdansk, a pérola do Báltico



Ao longo do Báltico a história construiu e destruiu belas e imponentes cidades, erguidas em função dos poderes económicos e militares dos povos Eslavos e Escandinavos. Na Polónia a mais bela é, indiscutivelmente, Gdansk.

15 anos de um próximo e continuado contacto com este pais não me tinham ainda proporcionado ver a sua costa. Rumando a norte uns dias antes da chegada dos viajantes Nomad neste Verão, vislumbrei finalmente a malha urbana de Gdansk, que se diria retirada de um cenário hollywoodesco, tão bela, encantadora e glamourosa é a cidade!


As ruas, estreitas, empedradas, com a pátina de uma idade enganadora, reluziam como as pedras de âmbar nas vitrinas, tocadas por raios de um sol que teimava em se esconder por entre nuvens densas, escuras, como que pintadas de aço nos estaleiros-fantasma dos arredores...

A miríade de gente, entre turistas e locais, bem vestida, colorida e jovial, convida ao deambular sem destino. Bancadas de comes e bebes, feiras da ladra a cada esquina, igrejas com abundância e um legado histórico quase tangível são magnéticos até para um céptico dos grandes espaços urbanos como eu...




Mas é sem dúvida à noite que a magia de Gdansk se solta em todo o seu esplendor! A catedral, esguia, espartilhada bem no centro, ergue-se ao céu contra um azul índigo, banhada pela luz dourada dos projectores. A torre do Conselho Municipal fica um pouco mais à frente, montando guarda ao mercado que, por sua vez, conta ainda com Neptuno na mais antiga estátua de bronze da Polónia, fitando implacavelmente os transeuntes! 

E que dizer das portas que dão para o canal, artéria principal do comércio que deu fortuna e poder a esta cidade hanseatica? Violonistas, acordeonistas e violoncelistas vão-se revezando sob as diferentes arcadas de tijolo burro, ogivas arquitectónicas em harmoniosos acordes musicais que hipnotizam quem por perto passa...


O olhar mais distraído poderia pensar que tudo é perfeito. Não o é. Estas paredes, luminosas e atraentes, escondem no seu âmago uma verdade cruel: a cidade tem uma alma antiga mas um corpo jovem. 70 anos apenas. Em 1944/1945 duras batalhas foram travadas entre o Exército Vermelho, soviético, e as forças ocupantes nazis. Resultado: 90% dos edifícios do centro foram arrasados, numa destruição apenas comparável à de Varsóvia!

A história repete-se... Nos anos 90 Grozny, na Tchetchenia, sofreu o mesmo destino. Até quando...?


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