15.6.15

Down & Dirty


Down & Dirty! Esta é uma expressão familiar a muitos fotógrafos de natureza e fotojornalistas por esse mundo de fora. Na fotografia de campo, nem tudo é glamoroso, nem sempre há um cocktail à espera no final da sessão fotográfica, nem todos os sujeitos fotográficos se regem pelos mágicos 90-60-90... Há muitos dias em que chego ao anoitecer cansado, arranhado, suado, enlameado, queimado pelo sol, picado por insectos desconhecidos... Mas... Mas, quando no pequeno LCD da máquina fotográfica se materializa uma imagem que instantaneamente sabemos ser poderosa, o coração enche-se de uma alegria que as palavras não conseguem descrever, num turbilhão de pequenas emoções que vão e vêm e que têm o fenomenal efeito de fazer esquecer tudo o que anteriormente descrevi. Todo o cansaço, frustrações, oportunidades falhadas se justificam e simultaneamente se desvanecem num recanto obscuro da memória porque, afinal, “A” foto está ali!
 

Dando continuidade a uma colaboração de longa data, e da qual já resultaram conteúdos muito interessantes no passado, aceitei recentemente o desafio de produzir, com o Tiago Costa, um vídeo sobre biodiversidade e agricultura biológica na vinha do Douro. E, simultaneamente, fotografar espécies de fauna e flora neste local preciso, numa área de apenas algumas dezenas de hectares. Nas últimas semanas, no calor característico do Alto Douro, numa primavera particularmente quente, parti em busca de rapinas, passeriformes, insectos variados, paisagens vinhateiras, flores silvestres, peixes, répteis e anfíbios vários... Foi uma pequena epopeia, sobretudo porque, dadas as circunstâncias, filmar e fotografar em simultâneo se revelou um desafio permanente... 
 

No final, duas das sequências mais fortes surgiram de um cruzamento do acaso com instinto e muitos, muitos anos de campo acumulados, que apuram e despertam os sentidos para determinados cantos, silhuetas em voo e habitats. Numa delas, a dica de um trabalhador local foi providencial, levando-me a um ninho de peneireiros-comuns, mesmo no interior de uma quinta, o que facilitou a minha presença sem causar grande perturbação (instavelmente equilibrado no tejadilho do meu carro, seria difícil passar despercebido!). Na outra, o voo ondulante de um casal de mochos-galegos, tantos vezes observado por esse Portugal fora, revelou-me as proximidades dos seus terrenos de caça, e foi apenas uma questão de tempo até estes se aproximarem a poucos metros de mim...

O trabalho de campo está concluído, inicia-se agora o longo calvário da produção video... Mas as expectativas são altas! Em Outubro terei novidades quanto a este projecto. Stay tuned :-)!



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