A pingar. Que nem um pinto. Foi assim que fiquei. E o sol brilhava, radioso!... Tinha acabado de sair de um mergulho.
Há já algum tempo que não mergulhava com garrafa, e soube bem! A beleza e e exuberância da vida marinha rivaliza com a da superficie. Nudibrânquios coloridos, com parcos centímetros de comprimento; uma santola do tamanho de uma bola de futebol; moreias à duzia de boca aberta e olhar duvidoso; algas ululantes, dançando ao sabor da corrente e da ondulação; cardumes de peixes prateados numa sincronia desconcertante, como que conduzidos por alguma força maior... e, enquadrando em fundo todos estes elementos, o azul esverdeado da água, omnipresente, magnético...
Açores.
Uma terra que herdou o nome de um equívoco, duplamente perpetuado: as aves de rapina que cá existem com abundância e que os primeiros navegadores tomaram por açores não o são. E continuam a ser mal identificados. Milhafres, chamam-lhes hoje. Também não o são. Mas não interessa.
Interessa que cheguei. Já sentia falta. Estava com sintomas de privação. Há dois meses que não tinha a minha dose...
Da paz inspiradora.
Dos horizontes infinitos.
Do verde incomparável.
São Miguel é a ilha que mais vezes me acolheu. Tenho aqui verdadeiros amigos, que desafiam em quantidade e intensidade os da minha terra natal. Mas em todas as outras ilhas alguém há que me é especial. Contactos perenes, alguns. Fugazes, outros. Não menos relevantes ou importantes.
O dia torna-se mais escuro, contrastando com a jornada soalheira da véspera. É habitual. Acolho de bom grado o raio de sol tímido que se escapuliu por entre duas assustadoras nuvens, fintando pesadas gotas de chuva que, de repente, se abatem sobre a calçada preta e branca, que recorda aos mais distraídos que estamos em Portugal.
Por agora vou simplesmente encher o peito deste ar húmido, límpido, salgado...
As ilhas açoreanas são lindas e exuberantes. Mas tudo o que eu possa dizer já está dito neste texto e nas fotografias. Das nove ilhas já estive em cinco e, por isso, aprecio imenso este arquipélago e as suas gentes. Um abraço
ResponderEliminarSem dúvida, Diamantino! Tenho o privilégio de ter percorrido as 9 ilhas, e cada uma tem o seu encanto especial :-). Abraço!
EliminarFantástico!!! Bem haja, pelos rasgados (e merecidos) elogios a este cantinho perdido no meio do Atlântico!
ResponderEliminarParabéns! Pela escrita envolvente. Pelas fotografias maravilhosas.
:-)
Eliminar