É um facto. Sinto-me terrivelmente atraído por padrões na paisagem, seja ela natural ou urbana.
O encanto do abstracto contagia a criatividade fotográfica e mesmo nos âmbitos mais insuspeitos lá emerge uma ou outra imagem particularmente forte, visualmente, quebrando a objectividade da linguagem jornalística. Foi até motivo da instalação fotográfica ABSTR.ACÇÃO, que organizei nos Açores em 2012 - iniciativa que encarei como um ponto de partida, não um objectivo em si mesmo...
E se há local onde a dificuldade é a escolha, esse lugar é o Douro. Tudo lá atrai a atenção da objectiva: os socalcos escavados nas encostas, as vinhas alinhadas, as curvas de nível sublinhadas pela mão do Homem, realçadas pelos jogos de sombra e luz que o sol, esse ser irrequieto, vai esboçando ao longo do dia. E é em dias de tempestade que o cenário mais dramático se torna! As nuvens filtram a luz, parecendo modelar o terreno, emprestando-lhe maior fôlego, mais pujança, um último laivo de grandiosidade.
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