25.11.13

Não há duas sem três


Não havendo duas sem três, segundo o adágio popular, aqui fica a terceira capa, desta vez a da edição especial sobre a rede das Aldeias Históricas, que está nas bancas durante o mês de Novembro.

Nela surge a torre do castelo de Sortelha, numa imagem nocturna que não estava sequer planeada mas que, por experiência, eu soube ter grande potencial assim que me deparei com a estrutura iluminada pelos holofotes alaranjados. Sempre que possível dormi nas aldeias, durante a viagem pelos vários pólos da rede, para poder fotografar ao ocaso, durante a noite e ao amanhecer. Em Sortelha, naquela noite, com receio de ficar sem jantar, dado que o único restaurante intramuros não parecia ter grande clientela, e porque tal já me acontecera demasiadas vezes no passado, fiz um desvio não-fotográfico para reservar mesa! Menos uma preocupação, pensei.

Pouco depois subia pela muralha um pouco aos tropeções, empurrado pelo vento forte que, do nada, surgiu como que a admoestar o estranho que perturbava o silêncio do granito e o negrume da noite. O tempo foi passando, à medida que fazia diferentes combinações de tempos de exposição. Mas nas primeiras imagens faltava um elemento fundamental: iluminação na parede interior do castelo. Não tinha levado lanterna... pensava eu. De repente, um chocalhar de chaves no bolso fez-me lembrar que, junto com a chave do carro, tinha uma pequena lanterna LED, uma Tank007 E08, alimentada por uma diminuta pilha AAA. Pouco convicto de que fosse capaz de iluminar a tanta distância, fiz a tentativa e o resultado foi melhor do que o esperado: uma ligeira cor no primeiro plano, quebrando o negro desagradável das fotos anteriores. Com recurso a tripé e a um disparador remoto, e cerca de 5 minutos de exposição, consegui a fotografia que viria a tornar-se capa da edição especial.

Entretanto a hora marcada para o jantar já havia sido passada há muito, e outras urgências me tomaram o pensamento...!






Apesar das dificuldades encontradas e de o trabalho ter sido duro, sobretudo a seguir ao almoço (como se vê na imagem anterior, em que reflectia sobre perspectivas alternativas :-), o resultado de um intenso périplo por 12 das mais espectaculares aldeias raianas de Portugal e perto de 2000km de estrada percorridos materializou-se em milhares de bancas de jornais. Com o privilégio muito especial de ter por companhia uma das mais icónicas fotos de sempre: a Rapariga Afegã, de Steve McCurry!




2 comentários:

  1. É o chamado ver para dentro :D

    Se levar a revista no dia 14, assinas?

    Abraço.

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    1. Claro que sim, Diogo! Se até dia 14 conseguir aprender a assinar... :-)

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