Há pouco mais de 2 anos recebi um telefonema. Do lado de lá do telefone o interlocutor, com um ligeiro sotaque do Norte, apresentou-se: Tiago Costa. Conhecia o nome, de passagem, por alguns amigos colaborarem com a sua agência, mas pouco mais. Dias depois almoçávamos numa esplanada ajardinada do Porto, também com o Pedro Gonçalves. Dessa conversa, ficou o interesse mútuo em trabalharmos em conjunto. Regressava com uma nova ocupação: líder de viagens aventura!
Só um ano depois experimentaria, na primeira pessoa, essa realidade, na Polónia e Eslováquia. Mas o Tiago há muito a conhecia. Este Verão, bem mais perto, nos Picos da Europa, acompanhei-o, num misto de viagem de trabalho, em reportagem, e de lazer, pela caminhada pura. Este programa, por seu lado, é diferente dos que eu levo a cabo, mais virados para a fotografia e descoberta cultural, ainda que, sempre, com uma componente de caminhada e contacto próximo com a Natureza.
Em montanha, guiar grupos de pessoas que, embora gostando do ambiente, não têm particular experiência, é desafiador. Porque se está fora da zona de conforto, porque a componente física é exigente, mas sobretudo porque a atitude mental faz toda a diferença. Um obstáculo pode ser transponível com risco mais ou menos calculado, mas a decisão de assumir tal risco tem, em última análise, de ser tomada por cada um.
É comum escutar amigos dizer: "-Ah, pois, passear em trabalho é que é uma vida de sonho". Sim, claro que é agradável ter como secretária uma mesa de café ou como colega de trabalho viajantes profissionais, experimentar diferentes gastronomias, entabular quase diariamente conversa com gentes de outros mundos. Mas o trabalho de um líder vai muito para além disso. Começa desde logo pela criação de uma viagem, por vezes anos antes dela vir a acontecer: definir roteiros, testar no terreno as várias opções, escolher as melhores, encontrar alojamentos interessantes, elaborar orçamentos... Depois, para os grupos, é necessário fazer reservas de hóteis, albergues e refúgios, confirmar horários de transportes públicos, ter planos B caso algo falhe, antecipar dificuldades, estudar a história e particularidades do país e região que visitamos, acolher os pedidos dos viajantes, sempre com o objectivo de tornar a viagem uma experiência inesquecível e única.
Na primeira edição deste ano nos Picos, o Tiago teve alguns contratempos a gerir: cancelamentos de última hora de inscrições, neve que nos obstruiu o caminho e obrigou a um enorme desvio, chuva, dificuldades de marcação para as dormidas... Suou, como todos nós, nas subidas mais íngremes. Teve sobre os seus ombros o peso da responsabilidade de fazer chegar 9 almas a bom porto, dia após dia. Nada propriamente inédito, mas que sempre implica flexibilidade e uma atenção particular.
Por outro lado os momentos de pausa podem ser deliciosos: uma cerveja a 2000m de altitude, um pôr-do-sol indescritível ou um serão à luz das estrelas contam-se entre os honorários de um líder de viagens. E, acreditem, ter uma vista destas no escritório vale... muito!
tou cheio de pena dos lideres Nomad!! e de ti também António! :p Grande Abraço!
ResponderEliminarAh pois é, Marco, vida dura, esta :)))!
ResponderEliminarApesar de tudo, um trabalho compensador ;)
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