Não subsistam dúvidas que o Dubai é um festim
para os sentidos. A visão de feitos arquitectónicos únicos no mundo entra pelos
olhos adentro, o calor do deserto lambe-nos a pele, intenso, os cheiros – a
perfume nos grandes centros comerciais, a suor nos souks da zona antiga –
bailam no ar, atingindo-nos sem aviso. Na confusão das pequenas ruas de Deira,
é-se apertado num abraço amplo de humanidade e nos infinitos restaurantes de
rua o paladar é testado ao limite, alternando entre as especiarias fortes que
denotam a presença de milhares de indianos e os pratos gourmet importados da
distante Europa.
Mas sem dúvida que o que mais encanta, numa
visão imediata, é o brilho ofuscante e a opulência dos arranha-céus! Dizem-me
que são como cogumelos: em poucas semanas erguem-se monstros verticais da terra
estéril, ao ponto de fazerem sombra uns aos outros e de o skyline da cidade se
parecer a um código de barras num qualquer supermercado. Na sua base, em ruas
que me fazem sentir minúsculo - mas a partir de certo ponto já dessensibilizado
- a mescla de gentes continua a circular, incessantemente. Na marina,
espartilhadas entre a Sheikh Zayed e a Jumeirah Beach, as torres são às dezenas.
Cópias gémeas da Chrysler Tower aparecem algures, tal como um sósia do Big Ben
londrino. Mas é o Burj Khalifa quem domina a paisagem. O mais alto edificio do
mundo, com 828 metros de altura, 163 pisos, é deslumbrante na sua ostentação,
qual Torre de Babel dos tempos modernos. De cima, num miradouro poucas dezenas de metros abaixo do topo, sinto a força dos elementos: chuva intensa (sim,
também lá chove!), vento rodopiante e, magnética e assustadora, uma tempestade
eléctrica que ilumina o negrume e me faz sentir um pára-raios com pernas! No
entanto não se pense que tudo corre bem neste ícone à finança global.
Há dias
escutei uma história que tanto tem de divertido como de sintomático: a
administração do edifício, que inclui escritórios, hoteis, restaurantes e,
naturalmente, habitações, estava com problemas em cobrar o condomínio (cujo
valor desconheço - a minha matemática nem deveria chegar para tantos 0)! Então,
encontrou um argumento de peso: cortar o ar condicionado e desligar os
elevadores! Solução simples, pragmática e absolutamente eficaz, como convém no
paraíso!
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