A população exacta de Istambul é um número
fluído, pendular, indefinido. Os dados oficiais dizem 13 milhões de
habitantes na área metropolitana, mas quem lá vive aponta,
convicto, para os 20. O dobro da população de Portugal, numa única
cidade! Foi a metrópole mais populosa que já pisei, e sinceramente
diria que ultrapassa a minha capacidade de abstracção matemática,
tal a dimensão, quase bíblica, que talvez apenas se abarque na sua
totalidade do ar...
São muitas as implicações de viver e visitar uma
cidade tão populosa como um país. Umas menos boas - trânsito,
poluição, insegurança, problemas sociais – mas outras muito
boas! E uma delas é a diversidade étnica, cultural, humana.
Incomparável! As feições são belas, as roupas exóticas, o
movimento dos corpos hipnotizante. Há algo de formigueiro, aqui. Os
carreiros são inexplicavelmente ordenados, os carros buzinam e
serpenteiam mas não batem, até o tráfego marítimo mescla barcos
minúsculos tripulados por um solitário pescador com navios
super-contentores que cruzam o Bósforo a passo lento, depois de
aguardarem a sua vez horas, por vezes dias, ao largo, no Mar de
Mármara.
E Istambul tem uma importante vantagem fotográfica,
para um país muçulmano: o volume de turistas e de estrangeiros, e a
mescla resultante, é tal que os costumes se relaxam e, com maior
facilidade que noutras paragens, a fotografia é aceite com razoável
indiferença.
Creio que já aqui o terei dito: não sou um
fotógrafo de retrato puro e duro. De planos fechados, olhos nos
olhos. Prefiro ambientes, com personagens. A minha génese
fotográfica vem da fotografia de Natureza. Paisagens amplas, grandes
angulares. E isso espelha-se na vertente documental do meu trabalho.
Gosto de integrar as gentes no seu habitat. Por isso me apaixonei –
como tantas outras gerações de fotojornalistas - pela 35mm. Houve
artigos inteiros, por exemplo na National Geographic, fotografados
com apenas uma máquina e uma objectiva. Tipicamente uma Leica M6,
com a Summicron 35mm f2.0. E foi com essa distância focal (não numa
Leica, mas sim na Fuji X100s e na Nikon D800) que mais fotografei nas
ruas de Istambul. Um dia destes farei um post apenas acerca desta
objectiva, que se juntará às centenas de textos já existentes de
apreço pela imagética que proporciona!
Aqui vos deixo, por agora, com alguns dos
instantâneos captados vagueando pela intrincada e viciante filigrana
urbana de ruas, praças, vielas, terraços, becos e avenidas da
mítica Constantinopla...
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