15.3.15

Quotidiano Hanseático


Viver numa grande cidade nunca foi ideia que me agradasse particularmente. Acho as metrópoles interessantes culturalmente, aprecio a imensa diversidade humana que em si albergam, e a monotonia não poderá ser apontada como um defeito. Mas prefiro de longe a quietude de pequenas cidades, razoavelmente perto de tudo sem muito do supérfulo e acessório. Os meandros da vida acabaram por me levar, de tempos a tempos, a juntar-me à imensa mole de gentes que confluem para os grandes centros urbanos. Lisboa quando criança, Varsóvia como jovem adulto. Não são cidades gigantescas, mas já partilham algumas das suas características. E de todas as minhas viagens a territórios citadinos, Istambul foi o mais populoso das que visitei. São quase duas populações de Portugal num único local! Magnético, no mínimo!




Mas mais recentemente foi Hamburgo - Freie und Hansestadt Hamburg de seu nome oficial - a estar no meu caminho. Uma viagem curta, visita de médico, quase. Mas gosto também deste toca-e-foge, de me abandonar ao simples deambular pela malha urbana do centro da cidade sem outras preocupações para além de sorver delicadamente o ambiente, o cirandar das formiguinhas bípedes, o observar dos tiques, trejeitos e manias de uma dada população. Estou, aliás, a (re)descobrir o gosto por viagens de curta duração a estes ambientes, tendo já programadas mais duas curtas saltadas a outras tantas cidades europeias nos próximos tempos.

Hamburgo, em particular, foi uma agradável surpresa. Não surpresa total, porque já conhecia a cidade. Aquando das minhas aventuras pela Polónia, há mais de uma década atrás, lá estive, uns dias. Mas pouco recordava. Agora, tendo um cicerone local (importado, mas conhecedor!), usufruí mais e em óptima companhia! A meteorologia, essa, vincou a minha máxima: não há mau tempo para fotografar. O sol surgiu, o que tornou indubitavelmente mais agradável a experiência. Durante três dias percorri as ruas do velho porto hanseático, o bairro artistico St. Pauli, os jardins depenenados pelo Inverno e os bares e restaurantes que pululavam de vida ao fim da tarde, fintando, com inesperados golpes de rins, os ferrenhos ciclistas que ziguezagueavam pelos passeios em biclas vintage!




E, claro, não pude deixar de experimentar um dos ex-libris da capital do norte: PhotoMatic, as máquinas automáticas de fotos tipo passe, a preto & branco, com revelação na hora! São cinco minutos de espera, um encanto que me fez recordar os meus primórdios fotográficos, criando noite dentro uma mescla de cinzas no papel fotosensível, num laboratório improvisado, na casa de banho do sotão lá de casa!



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