16.4.15
Anoitecer de luxo
Gosto do lusco-fusco, do fim de dia. Aqueles 5-7 minutos, como diriam uns humoristas famosos (dos poucos a que consigo achar alguma graça, no pobre panorama piadético nacional). Gosto daquela quotidiana transição de ciclo, do fim de algo que é, qual Fénix renascida, o início de um outro algo. Luz versus sombra, calor em contraposição ao frio, plenitude contra ausência. E gosto, em primeiro lugar, pela sensação de tranquilidade, de paz, de missão cumprida. Um dia que se esvai. Um outro que, mais logo, assomará no horizonte.
Mas numa segunda análise, o crepúsculo é também um momento fabuloso, fotograficamente falando. Aquela meia hora após o sol se pôr... os tons frios a tomarem conta da paisagem, o céu que se tinge de uma panóplia de azuis interminável, em contraste com a iluminação pública, de tonalidades alaranjadas, arrumadas em longas linhas entrecortadas pelo escuro. Do nada provoca-se uma corrida - de fim expectável - entre quem se sobrepõe, quem ganha e quem sucumbe... Espectáculo diário, numa repetição ad etearnum mas nunca nauseante, em que apenas variam as nuances de cor e sombra.
E foi esta meia hora que fechou, com um refinado toque cromático, o meu dia em Genebra... Havia marcado a partida em direcção a França para depois do anoitecer, prevendo a oportunidade de fotografar a cidade com o encantador céu indigo como cenário de fundo. Foi bem pensado, admito. Tudo se conjugou, naquele fim de dia. O dourado das montras, os néons dos logotipos, os reflexos do manto de água do lago Leman, espartilhado no amplexo dos muros que voltam a colocar o curso de água dentro da cidade...
Trabalhando depressa - que esta luz é fugaz - deslizei entre as longas avenidas e as várias pontes que juntam as duas metades da cidade. Apenas com a Fuji X100s em punho, sem tripé para não me tolher os movimentos, fui tirando partido das quase impossíveis baixas velocidade de obturação possíveis com esta máquina e da extraordinária perfomance a altos ISO - nenhuma das imagens foi trabalhada em pós-produção, sendo publicadas directamente da máquina, excepto pelo redimensionamento.
Deixo-vos com o resultado, nesta despedida da cidade que, também ela, apesar de já luxuosa no plano terreno, é ainda assim agraciada por um luxuoso anoitecer, gratuito, democrático, universal...
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Excelente partilha e magnificas fotos. Cada vez menos se utiliza a pós produção fotográfica dando primazia ao real. A Logirix Mobile development para a qual trabalho tem escritórios em Genebra, a qual já me levou a essa magnifica cidade diversas vezes. Muito linda sem duvida.
ResponderEliminarFotos fantásticas com uma luzes que marcam bem e fortemente as situações, alem do conteúdo em si descriminado como só o António Luis Campos o sabe fazer sempre de uma forma simples mas esclarecedora, amei, bastante.
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