Já se sabe que a História é escrita pelos vencedores. E nem sempre o que nos chega ao conhecimento é um espelho cabal da realidade. Basta conversar com uns quantos jovens chineses, abaixo da faixa etária dos 20, para o comprovar: a maioria nunca ouviu falar do massacre de Tiananmen, em 1989. E os poucos que sabem parecem não querer saber... A informação é poder. Ontem e hoje.
No centro da Europa, e sobretudo na Polónia, é o oposto que se verifica: as marcas da Segunda Grande Guerra Mundial estão marcadas a fogo. As sombras da História não se dissiparam, mais de meio século passado. Especialmente em Varsóvia, onde a população se rebelou contra a ocupação alemã e que se viu totalmente arrasada como retaliação, a sua presença chega quase a ser opressiva: em cada rua, a cada esquina há memoriais sobre os polacos caídos, heróis populares que as flores vivazes comprovam estarem presentes no coração dos seus descendentes. E, para os mais atentos, o paralelismo do que se passou em Varsóvia em 1945 e em Grozni, na Tchetchénia, em 1997-2000 é assustador: capitais totalmente arrasadas como símbolo de vingança, lembrança de um poderio militar que, apesar de toda a sua potência letal, não mata a resistência dos cidadãos comuns.
Na minha opinião existem dois locais que personificam, como nenhum outro, o episódio negro que o Holocausto representou para o continente europeu: Auschwitz, o icónico campo de concentração alemão, onde mais pessoas foram exterminadas na história da Humanidade, e um outro, muito menos conhecido mas, de alguma forma, igualmente tétrico: o cemitério judeu de Varsóvia. A paisagem é digna do mais recambolesco filme de zoombies, sem necessidade de adereços: campas tombadas, milhares de túmulos semi-abandonados, raízes de árvores levantando lápides, um emaranhado de rocha e matéria orgânica que se juntam num abraço escuro que tanto tem de belo como de assustador, ao pensarmos na dor e no significado das datas que em muitas se conseguem ainda ler, destacando-se 1943, 1944 e 1945, coincidentes com o levantamento no gueto judeu e posterior rebelião geral de Varsóvia! Embora nos últimos anos a comunidade judaica tenha levado a cabo um esforço de recuperação e manutenção do espaço, a inelutável realidade é que milhares de famílias simplesmente foram eclipsadas da existência, e com elas a capacidade de alguém cuidar do espaço em que as campas se encontram...
"The one who does not remember history is bound to live through it again". Em poucos locais se adequaria melhor esta frase.
Para o ano que vem ocorrerá o 70 aniversário do Dia D na Normandia em França.
ResponderEliminarInfelizmente não vou poder ir lá dado que tudo mudou na minha vida!
Continua a postar que eu vou continuar a acompanhar.
Grande abraço.
Continuarei, garantido :-)
Eliminarsem dúvida, um local carregado de história...
ResponderEliminarÉ. E por mais vezes que lá vá, o peso não desaparece.
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